segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Releitura: Borgs e Zumbis


"Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma." A leis de Lavoisier da conservação na matéria pode ser aplicada não só nos experimentos químicos mas seu conceito filosófico pode ser aplicado em praticamente tudo na vida, do laboratório às telas de cinema.

Em 1968, George Romero lança um marco nos filmes de terror imortalizando os zumbis na tela com o filme A Noite dos Mortos Vivos (Night of the Living Dead). Na verdade, o próprio Romero, conhecido por alguns como o criador dos filmes de zumbi, não criou realmente essas criaturas mas antes deles, os zumbis descritos eram escravos, pessoas com a alma aprisionada que se destinavam principalmente a servir a um feiticeiro. Romero foi quem transformou os zumbis em astros dos filmes de terror.

A herança de Romero, desenvolvida nas décadas de 70 e 80 originaram nossa atual visão desses mortos vivos: seres que foram humanos mas agora atendem a uma necessidade maior, imparciais, desengonçados, normalmente lentos, quase imortais sendo criados pela contaminação de humanos normalmente através de uma mordida.

No final da década de 70 até o início década de 80 com os filmes de terror em alta, vampiros, lobisomens e principalmente zumbis dominavam as telas de cinema mas seu reinado começaria a enfraquecer no final da década de 80 quando toda tecnologia se voltava aos efeitos especiais invadindo os cinemas com os filmes de ficção como das franquias Alien e Predador.

Alien (1979) trouxe um novo panorama para os filmes de terror apresentando a criatura como um extraterrestre, totalmente embasado pela ciência e não uma criatura sobrenatural como os zumbis. Essa visão seria explorada principalmente no final da década de 80 e início da de 90 quando a ciência parecia explicar tudo.

Nessa época os roteiristas de Star Trek: The Next Generation introduzem no cenário de ficção uma releitura dos zumbis de Romero. O episódio Q Who apresenta aos fãs da série a raça Borg trazendo à Star Trek uma atmosfera mais sinistra e claustrofóbica.




Assim como os zumbis, os Borgs eram humanos que foram transformados, assimilados pela por uma consciência maior. São lentos e individualmente, tirando o controle da rainha Borg, não são muito inteligentes.

Os Borgs se espalham por uma sociedade assim como os zumbis e embora existam diferenças entre as duas mitologias o suficiente para que os Borgs não sejam vistos imediatamente como zumbis, para um olhar mais crítico e atento, não há como não comparar as duas criaturas.




Os Borgs foram uma jogada de mestre dos roteiristas de Star Trek, pegaram uma fórmula que funcionava a décadas e deram uma nova roupagem acrescentando e melhorando características ao ponto de tornar os Borgs uma das raças mais importantes dessa franquia.

Pessoalmente, depois dos Vulcanos, os Borgs são a raça mais gosto em Star Trek mas é impossível não perceber que essa magnífica raça não surgiu do nada. Os Borgs, criados em 1989 tem sem dúvida a influencia de uma mitologia criada por Romero em 1968, atmosfera claustrofóbica de Alien (1979), o visual punk de Hellraiser (1987) e quando olhamos para o Cubo Borg, como não lembrar da Estrela da Morte de Star Wars (1977). 

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