domingo, 20 de março de 2011

E Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores: CAROLINE

Calorine
(A.M. Ferreira - dedicado a Caroline Siqueira)

Eu ia preparar um texto mas onde deixei as palavras? Eu sempre perco as coisas: o rumo, o tom e a razão. Ah!! Achei uma vírgula, eu adoro vírgulas, não vivo sem elas. Eu separo o sujeito do predicado pois acho que o sujeito merece destaque. Todo sujeito merece. Eu gosto de Caroline. O “C” é como uma vírgula bem grande que abre a palavra e abraça as letras como quem quer proteger, como quem ama. Ah! Mas ela não é só uma palavra, é uma garota. E que garota! Ops, achei um “Z”! Mas que letra complicada... faz que vai e depois volta e não serve para quase nada. Se não fosse a imensa importância da palavra amizade que utilidade teria o “Z”? Ôoo! La vai o “O” rolando! ... Aii, pronto! Debaixo da cama! Perdi. Vou arredar a cama para escrever Amor e se não achar?! Escrevo Amar que não é menos importante. Aff! Tá tarde!!! Onde deixei o ponto final? Pronto e agora? Ta misturado com o ponto seguido. Como vou saber? Por isso gosto da vírgula. Realmente gosto de Caroline. Eu ia dizer que tem uma semântica bonita mas não sei o que isso quer dizer, ainda assim concordo que é bonita pois seria bonita mesmo que eu não concordasse e tenho que concordar pois perco a razão mas nunca o bom gosto. E eu gosto. Pronto, achei o ponto.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Papo Sóbrio: Portugal


Sempre achei injusto os sentimentos que muitos brasileiros tem (ou que não tem) sobre Portugal, não vou comentar as piadas pois o humor precisa ser livre e um bom brasileiro faz piada de tudo. Fazemos piada do nosso governo, dos nossos times de futebol, das cidades e estados que compõem o nosso Brasil e até das catástrofes no Japão (piadas de humor duvidoso, é verdade mas ainda assim, humor) e não haveria motivo para não fazer piadas sobre Portugal.

O problema não são as piadas, na minha opinião, o problema é a falta de importância que muitos brasileiros dão às terras portuguesas.

Pra mim, todo brasileiro que tenha condições de viajar deve conhecer Brasília, não digo que aquele ribeirinho que não consegue nem chegar até a Capital do Amazonas deve largar tudo e se meter em uma odisséia até a Capital do Brasil, mas os brasileiros que todos os anos viajam para o Rio de Janeiro, São Paulo ou alguma cidade do Nordeste do Brasil e nunca foram a capital de seu pais devem, ao menos uma vez na vida pisar em solo Federal. Não honramos o homem (ou a mulher), honramos o cargo e a nação.

Todo brasileiro, descendente de portugueses, que tenha condição de conhecer a Europa, deve visitar Portugal. Conheço descendentes de italianos e descendentes de japoneses que admiram as terras de seus avós mas nós, com sangue lusitano, nutrimos tão pouca admiração por Portugal.

Certa vez, conversando com uma portuguesa, notei que eu tinha muito mais dificuldade em entende-la que ela de me entender. Em Portugal, há novelas, filmes, séries, peças e livros brasileiros de modo que os portugueses estão acostumados ao nosso sotaque e nós, temos tão pouca informação sobre Portugal que mesmo falando em português temos dificuldade em entende-los.

Eu não digo que não se deva conhecer a Itália, a França ou a Grécia, muito pelo contrário, esses países fazem parte da história da civilização ocidental e se possível todas pessoas do ocidente devem conhecer mas não há motivo para conhecer a Toscana e não conhecer Alentejo ou para conhecer a Grécia e o Hawaii e não conhecer os Açores e a Ilha da Madeira.

Temos mais de Portugal que o idioma, a culinária e o DNA. Será que a implicância Brasil vs. Argentina não tem uma gota dos conflitos Portugal vs. Espanha? Será que o famoso "jeitinho brasileiro" não foi muito bem representado quando Portugal mudou a corte inteira e a administração política para o Brasil, ao perceber que não poderiam deter Napoleão?


É preciso valorizar mais o nosso Brasil e valorizar mais a nossa história. Todo brasileiro, se possível, deve saber o Hino Nacional, reconhecer e conhecer os Símbolos Nacionais, conhecer sua história e sua origem (seja ela em Portugal, África, Itália, Polônia, Holanda, Espanha ou Japão).

O Brasil nunca será o pais do futuro, como diziam nossos pais, se não conseguimos nos reconciliar com nosso passado. É preciso superar a mágoa subconsciente que temos dos colonizadores e estender a mão para nossa história.

terça-feira, 8 de março de 2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Radiação - O Sopro de Deus

"qualquer tecnologia o suficientemente avançada é indistinguível da magia." - Terceira Lei de Clarke

A ciência sempre fascinou a humanidade e antes dela, a magia ocupava o papel de destaque no imaginário de crianças, adolescentes e apreciadores do fantástico mas com a evolução tecnologica, herança da revolução científica do século XVII o mundo passou a presenciar as maravilhas da tecnologia com a admiração dos crédulos que tem fé no incompreensível.

No fundo, para a maioria das pessoas, a única diferença real entre um médico e um curandeiro é que o médico cobra mais caro. As comprovações científicas que garantem a precisão de um médico em um tratamento ou de um cientista em uma nova descoberta nunca chegam de forma clara às massas. No final, a mesma fé que move a igreja, move a magia e move a ciência.

Esse fascínio por um poder que não se pode dominar com precisão fez surgir novas possibilidades de explicação para existência do fantástico. Em 1817 o clássico Frankenstein descrevia a criação de um monstro resultado das diversas ciências que assombravam o imaginário da época, diferente de maldições e pactos com o demônio o monstro criado por Mary Shelley era resultado de um conhecimento tecnológico avançado. Mais tarde, em 1886, é publicado O Médico e o Monstro onde Robert Louis Stevenson descreve os efeitos de um preparo químico especial, capaz de modificar física e psicologicamente um homem o transformando em uma fera. Os avanços tecnológicos proporcionados à humanidade em meados de 1700 através dos estudos de Benjamin Franklin (com a eletricidade) e Lavoisier (com a química) fez nascer um novo tipo de fantástico.


Dessa época em diante a ciência e seus avanços passaram a fazer parte do imaginário coletivo como um poder oculto que espreita a humanidade.

O passo seguinte dessa saga seria dado mais uma vez por uma mulher quando os estudos e descobertas de Marie Curie tornaram-se conhecidos e um pouco mais populares. Diferente da química que podia ser vista em frascos coloridos e da eletricidade que tinha seus efeitos facilmente notados pelas explosões luminosas e geração de calor, esse novo fenômeno chamado radiação, invisível aos olhos e com um poder desconhecido era de longe a mais fascinante justificativa para quem se ocupava em criar mitologias.

Dos estudos de Marie Curie, passando por Planck e Einstein, o poder da radiação e do átomo gerou nos anos que se seguiram uma série de novos seres mitológicos, novos deuses e novos monstros sustentados não pela magia mas pela ciência.



O Sopro de Deus

Em meados de 1900 a radiação e seus efeitos tornaram-se justificativa para explicar o que não podia ser explicado. Uma força desconhecida e poderosa que se propaga no espaço atravessando corpos a uma velocidade desconhecida, por motivos desconhecidos, de origem desconhecida e que e, por onde passa, modifica estruturas - O Sopro de Deus.

Não à toa, essa nova tecnologia originou uma série de novos seres míticos que hoje conhecemos como super-herois. Super-Homem, Hulk, Homem Aranha, Nuclear (Firestorm), Capitão Átomo e Dr. Manhattan são algumas das novas criaturas que tiveram a radiação como explicação para suas anomalias.

Hulk, o caso mais clássico e uma releitura do Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson, é uma criação de Stan Lee com poderes potencializados afinal, a energia de um átomo havia se mostrado muito maior que a energia de qualquer fórmula química. Não muito longe dessa ideia temos o Super-Homem, recebendo seus poderes do sol amarelo através da radiação por ele emitida e foi também a radiação a responsável por transportar as habilidades de uma aranha para um homem no caso do Homem Aranha.

Todos esses eventos são os reflexos da tecnologia de uma época com base na terceira lei do escritor Arthur C. Clarke, onde ele afirma que a mágica e por associação, o fantástico, são possíveis quando a tecnologia é o suficientemente avançada.

A verdade sobre a radiação é que se você for contaminado por ela você provavelmente irá morrer mas o problema é que os efeitos dela sobre os seres vivos não são totalmente conhecidos por cientistas e para isso basta citar os animais que nascem normais em regiões de Chernobyl onde os cientistas diziam ser estéreis. A maioria dos seres vivos da região ainda contém indícios de modificações genéticas causadas por essa energia mas há animais que nasceram onde não deveria haver vida.

O fato é que a radiação, a química, a biologia e a genética ainda escondem os seus mistérios alimentando o imaginário das mentes mais criativas.