sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Certo Por Linhas Tortas



É como ficar esperando, cartas que nunca vão chegar. Não vão chegar com “x” nem vão chegar com “ch”. (Às Vezes Nunca - Engenheiros do Hawaii)

O Português é super valorizado, sempre acreditei que a coerência, ao escrever, tivesse importância bem maior que a forma como se escreve. Entendam que não aprovo a ignorância, mas acredito que se deve dar o devido valor às coisas.

Nesse onda de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que promete modificar em poucos anos uma cultura de décadas eu me pergunto: E daí? E o Kiko? O principal objetivo de um idioma é a comunicação e tendo isso em vista, normas de ortografia são apenas orientações ou sugestões e não leis inexoráveis. Funcionam para mostrar a direção, mas não obrigatoriamente devem dizer como você deve segui-la, o importante é se fazer entender.

É muito bonito português culto mas uma pessoa, por mais letrada que seja, que não sabe se comunicar é como um estudioso de latim. Culto e inútil.
Na juventude, lembro de preferir Vinicius de Morais a Camões, pois Vinícius sempre escreveu de uma forma mais clara. Quem é um comunicador melhor? É verdade que a cada geração, perdemos cultura ao escrever mas me pergunto até onde isso é um real problema? Meu sobrinho, hoje, é muito mais eficientes em comunicar-se que minha mãe e raramente eu o vejo escrever palavras inteiras. “vc”, “pq”, “blz” são grafias novas de velhas idéias e não faz diferença se são apoiadas pelo novo Acordo Ortográfico. Essas grafias fazem parte da comunicação nos dias de hoje e em parte são responsáveis pela velocidades com que a informação se propaga.

Embora a poesia e a literatura em geral sejam expressões artísticas, a Língua Portuguesa não é uma arte, é uma ferramenta e como ferramenta deve adequar-se às necessidades de cada usuário ou ao menos de cada grupo de usuários.

Imagine que você está em um avião e o piloto avisa pelo interfone que você deve pegar o pára-quedas, no armário, e pular pois o avião irá cair em alguns minutos. Você corre até o armário e encontra uma mochila com a etiqueta: PARAQUEDAS. Pronto, fodeu!!! Você vai morrer porque não achou o pára-quedas? Eu não vou!! pode estar escrito PARAQEDAZ que eu pego e pulo com ele.

Por fim, isso não é uma critica ao português, às pessoas que escrevem corretamente e nem aos professores e estudiosos da língua portuguesa e sim a sua super valorização... no fim!! besteira!!

“Que não vai S na cebola e não vai S em feliz, que o X pode ter som de Z e o CH pode ter som de X, acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz” (Zaluzejo - Teatro Mágico)